domingo, 26 de julho de 2009

As Runas - parte 1


Mágicas e proféticas, as Runas fazem parte da tradição cultural dos vikings. Segundo o mito, estas pequenas peças foram encontradas pelo deus Odin, que as divulgou entre seu povo como símbolo de sabedoria e do conhecimento de todos os mistérios dos deuses e dos homens.

O Sacrifício de Odin

Contam as lendas vikings que os deuses moravam no Asgard, um lugar localizado no centro do mundo. Nele, drescia o Yggdrasil, a Árvore do Mundo, cujas raízes ninguém conhecia, e que servia de comunicação entre a terra e o paraíso. Nesta árvore, o deus Odin conheceu a sua maior provação e descobriu o mistério da sabedoria: as Runas. Alguns versos do Edda Maior, um livro de poemas compostos entre os séculos IX e XIII, cantam esta aventura de Odin em algumas de suas estrofes:



"Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento, Lá balancei por nove longas noites, Sacrificado a Odin, Eu em oferenda a mim mesmo. Amarrado à árvore De raízes desconhecidas. Ninguém me deu pão, ninguém me deu de beber. Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas, até que vi as Runas. Com um grito ensurdecedor peguei-as, E, então, tão fraco estava que caí. Ganhei bem-estar E sabedoria também. Uma palavra, e depois a seguinte, Conduziram-me à terceira, De um feito para outro feito.

"Esta é a criação mítica das Runas, na qual o sacrifício de Odin trouxe para a Humanidade essa escrita alfabética antiga, cujas letras possuiam nomes significativos e sons também significativos, e que eram utilizadas na poesia, nas inscrições e nas adivinhações, mas que jamais chegaram a ser uma língua falada.Mais antigas que o Novo Testamento, a aparição das Runas é ainda um assunto polêmico entre os estudiosos da cultura vivking. Antes de possuírem qualquer forma escrita, os povos germânicos utilizavam símbolos pictóricos, que gravavam nas rochas.



Particularmente comuns na Suécia, essas inscrições ou hällristningar datam da segunda Idade do Bronze (cerca de 1300 a.C.), e estavam ligadas aos ritos solares e da fertilidade. Porém, aproximadamente entre os anos 250 e 150 a.C., alguém pertencente a uma tribo germânica teve o senso fonético para criar o futhark (escrita alfabética) a partir de um modelo encontrado no norte da Itália (possivelmente de origem fenícia). Destes signos alfabéticos - chamados glifos - cada um acrescido de um determinado valor simbólico, nasceram as Runas, palavra originária do temro gótico runa, que significa "coisa secreta" ou "mistério". Dessa maneira, a letra rúnica ou runastafr tornou-se depositária de intuições, que eram enriquecidas de acordo com o talento do praticante do runemal, a arte de jogar Runas. Desde o início, as Runas assumiram uma função ritual, servindo para ler a sorte, para a adivinhação e para evocar as forças supremas que podiam influir na vida e no destino dos povos. O ofício dos Mestres das Runas afetava todos os aspectos da vida, desde o mais sagrado até o mais prático. Havia Runas e invocações para influenciar o clima, as marés, as colheitas e o amor; para curar, enfeitiçar, anular feitiços, proteger os nascimentos e livrar da morte. Tal era o poder mágico destes símbolos, que eles eram gravados em amuletos, taças, espadas, assim como nos dintéis das casas e na proa dos navios. Os Mestres das Runas entre os teutos e os vikings usavam vestimentas que os tornavam facilmente distinguíveis. Honrados, bem-vindos e temidos, estes xamãs eram figuras muito importantes nos círculos tribais. O autor anônimo da Saga de Erik, o Vermelho, uma narrativa do século XI, na qual se conta o descobrimento e a colonização da Groenlândia, forneceu uma rica descrição de uma Mestra das Runas:



"Ela usava um manto com pedras na bainha. Cobrindo a sua cabeça, levava um capuz forrado de pele branca. Numa das mãos tinha um bastão, e do cinto que segurava um longo vestido, pendia uma bolsa de amuletos". Para o pensamento pré-cristão, a terra e todas as coisas que nela habitavam tinham vida. Por isso, os símbolos rúnicos eram gravados em madeira, metal ou couro, acreditando-se assim que fossem objetos vivificados. Além disso, as Runas eram tingidas com um pigmento, às vezes misturado com sangue humano, para aumentar a força do feitiço. As Runas mais comuns eram pedrinhas chatas e lisas, com glifos pintados num dos lados. O Mestre das Runas sacudia a sua bolsa e espalhava as pedrinhas no chão; as que caíam com a inscrição voltada pra cima eram interpretadas.A influência das Runas entre os vikings é incontestável, principalmente entre os séculos VIII e XII, mas elas já eram divulgadas ns primeiros anos da Era Cristã. No tempo de Tácito (55 - 117 d.C.), o orador e historiador romano, as Runas tinham se difundido por todo o continente europeu, levadas por comerciantes, aventureiros e guerreiros, e eventualmente por missionários anglo-saxões. Mas, para que isso acontecesse, foi necessário a criaçào de um alfaeto comum, o qual se tornou conhecido como futhark, devido às seis primeiras letras ou glifos.



Embora alfabetos anglo-saxões posteriores tenham se expandido até conterem 33 letras, o futhark germânico tradicional é composto por 24 Runas, que estavam divididas em três grupos de oito Runas cada. Os três grupos, conhecidos como aettir, tinham os nomes de três deuses nórdicos: Freyr, Hagal e Tyr. As três aettir são:



O renascimento do Runemal

Com o passar do tempo e com o crescimento do cristianismo, as Runas caíram no esquecimento por mais de trezentos anos. Recuperada depois de longa spesquisas, atualmente a tradição do runemal renasce, transformando-se num dos métodos oraculares mais famosos do ocidente.

Mas sempre é importante lembrar que as Runas são um oráculo, e os oráculos não dão instruções quanto ao próximo passo a dar, nem fazem previsões sobre acontecimentos futuros. Os oráculos chamam a atenção para as forças e motivações que darão a forma ao futuro, pois já se encontram em cada momento do presente, embora de modo imperceptível. Os oráculos não eximem a pessoa da responsabilidade de escolher o próprio futuro, apenas tornam conscientes as forças mais profundas que podem der determinantes na configuração desse futuro. Por essa razão, para consultar as Runas, existem perguntas mais apropriadas do que outras. Na verdade, o oráculo responderá a questões e não a perguntas, de forma que o consulente terá uma participação ativa, podendo extrair a resposta por sí só, e assumir a responsabilidade pela conduta adotada.

(continua...)

3 comentários:

annee disse...

cara, que blog maravilhoso. a musica, as informações. continue assim... por favor ^^

FADA AZUL/CLAUDIA disse...

Olá querido, é um prazer acompanhar a sua jornada mística. Estamos nos mesmos caminhos. Seu Blog é muito rico de conteudo. Parabéns e muito sucesso, beijos.

Lancellote disse...

Demais seu blog, adorei!!!!
Adoro a cultura celta, viking.

Feliz 2010